Como investir dinheiro? Guia – 2ª Parte


Começamos aqui a 2ª parte do Guia de Como investir dinheiro. Para quem não leu aqui está o link para o Como Investir Dinheiro – 1ª Parte.

No primeiro post falei sobre a organização financeira, que é etapa essencial para quem pretender se tornar um bom investidor.

Investir sem uma boa organização financeira dificilmente lhe levará a ter um crescimento financeiro sólido.

Organização financeira – parte 2

Falei de maneira resumida no post anterior. Prosseguindo com os conceitos, além da definição do quanto você ganha e do quanto você gasta, deve haver a separação do dinheiro especificamente para investimento. Isso deve fazer parte do orçamento mensal.

Quanto investir?

Aí vai da capacidade e necessidade de cada um. Perfis diferentes com objetivos diferentes necessitam de diferentes “quantidades” de dinheiro.

Como número quase “cabalístico”, diz-se que devemos investir, pelo menos, 10% do que ganhamos. Logicamente você pode investir 20, 30 ou 50%, enfim, vai do orçamento e objetivo de cada um.

Acho importante, contudo, respeitar o mínimo de 10%.

Mas Valter, e se eu ainda não consigo separar 10% para investir sem afetar meu orçamento?

Pois é, nesse caso específico você deve começar com o que é possível. Contudo, essa situação não deve perdurar. Com o tempo, o ideal é que você consiga investir mensalmente pelo menos 10% do que ganha. Vale o mesmo conceito de aumentar o resto mínimo que falei no post anterior: ou você aumenta o que ganha, ou diminui o que gasta, ou ambos.

Mais adiante no post falo como você conseguirá aumentar o que ganha.

Com essa parte superada, seu orçamento ficaria assim:

Mês  Fevereiro
Remuneração  R$      5.000,00
Gastos
Energia  R$          300,00
Água  R$          150,00
Telefone  R$          150,00
Estudos  R$          600,00
Financiamento  R$          600,00
Cartão de Crédito*  R$          500,00
Investimentos ( 10%)  R$          500,00
Resto livre  R$      2.200,00

Como você pode ver. Apenas peguei o orçamento utilizado no post anterior e adicionei a linha de investimentos. Estou colocando aqui de maneira bem simples, só para explicar o conceito mesmo.

O que quero deixar claro é que investir não pode ser algo que acontece quando você recebe um dinheiro extra, ou quando sobra alguma coisa. O investimento deve fazer parte do seu orçamento mensal, você deve ter esse compromisso.

Gosto de falar que quem tem um orçamento organizado que, após receber seus ganhos, paga todas as contas e investe o planejado, não fica com a “consciência pesada” por gastar o que sobra, pois já terá cumprido suas obrigações presentes e estará formando um patrimônio futuro.

2º Passo – a mentalidade investidora

Pois bem, organizar o orçamento e inserir investimentos em seu orçamento mensal é a primeira parte.

Agora, precisamos adquirir a mentalidade investidora.

Lembro que, no início, eu não entendia muito bem a razão para investir. Dessa forma, eu “guardava” um pouco de dinheiro e, depois de um tempo, gastava com alguma coisa. “Guardava” mais um tanto e, posteriormente, gastava.

Não importava o quanto eu investia por mês nem que rentabilidade eu obtinha, pois, após algum tempo, meu patrimônio investido era zerado.

Isso mudou depois que eu li o livro: O Homem mais Rico da Babilônia. A partir da leitura, percebi que o enriquecimento financeiro é um processo. Formação de patrimônio é um passo a passo constante, não é algo que acontece de maneira mágica, exceto casos esporádicos como ganhar na loteria, por exemplo.

Percebi que enquanto eu continuasse, de tempos em tempos, zerando meu patrimônio investido, jamais alcançaria um situação financeira confortável.

Por mais que eu tivesse um salário que mantinha um bom padrão de vida, em termos de aumento patrimonial eu não tinha nada.

Caiu a fixa. Criei meu plano de desenvolvimento financeiro e o sigo desde então.

Você está no caminho certo quando, mês a mês, vê seu patrimônio financeiro aumentando. Você tem que colocar seu patrimônio para funcionar no efeito bola de neve, sempre crescendo um pouco a cada volta. Tem que seguir assim, mês a mês, ano a ano …

Esse mês você investe X e vai obter uma determinada rentabilidade.

Mês que vem você investe X novamente, e esse será somado com a rentabilidade e o investimento do mês anterior.

No mês seguinte você faz a mesma coisa. Quanto mais o tempo passa, mais seu capital aumenta, juntamente com a rentabilidade que você obtêm.

É tudo questão de hábito. Crie o compromisso de agir assim por pelo menos um ano. Defina o quanto vai investir mensalmente e persista, pelo menos por um ano. Você verá como, quando chegar lá, sua cabeça já estará diferente em relação a investimentos. Comece com o que for possível. Quando falamos desse método não é só uma questão financeira, tem uma abordagem mental envolvida.

Muitas pessoas, exemplo no qual eu me incluo, após começarem a investir da maneira acima descrita, desenvolvem formas de ganhar mais dinheiro, passando a investir mais ainda. Leia o parágrafo a seguir com atenção, mais de uma vez se possível.

Parece que nosso cérebro, após pegar o hábito do investimento, passa a enxergar oportunidades que antes não víamos sobre como ganhar mais dinheiro. Coloque seu cérebro para trabalhar na mentalidade investidora por meio do hábito de investir mensalmente. No futuro você verá que os resultados vão muito além dos investimentos em si, sua forma de gerir e ganhar dinheiro muda completamente.

Mas para que mudar? Como funcionário teria uma aposentadoria mesmo!

Pensei isso no inicio, mas aqui são suas situações.

Previdência Pública

Sempre digo que confiar seu futuro financeiro à previdência pública é, no mínimo, arriscado.

Muita gente não percebe que está deixando seu vida futura à mercê de um só “tiro”, e o pior, que esse “tiro” não está nas suas mãos.

Com um rápido estudo da história da Previdência Pública você pode verificar como, reforma após reforma, os benefícios só diminuem. Isso claramente é uma tendência.

Eu no momento tenho 34 anos e tenho dúvidas se a previdência como a conhecermos vai, sequer, existir no futuro. (só achismo !).

Como eu disse, é no mínimo arriscado confiar na Previdência Pública. O pior é que, quando formos nos aposentar, será pelo fato de já estarmos com a idade avançada. Se algo mudar, teremos ainda “pique” para trabalhar mais?

Contudo, mesmo que exista a previdência como a conhecemos, não são poucos os casos de pessoas que tiveram seu padrão de vida drasticamente reduzido quando se aposentaram. Trabalhando essas pessoas recebiam “extras” que, quando aposentadas, não mais recebem. Conheço pessoas que se aposentaram e, após alguns meses, se “desaposentaram” para voltar a trabalhar, a realidade financeira muda.

Por fim, mesmo que exista a previdência como a conhecemos e mesmo que você receba de aposentadoria exatamente o que recebe de salário, não seria interessante melhorar seu padrão de vida no futuro?

Muitos devem ter pensado agora, posso fazer uma previdência privada.

Previdência Privada

Sim você pode ter uma previdência pública e uma privada.

Você sabe o que a previdência privada faz com seu dinheiro?

Advinha?

Investe.

As instituições que mantem previdência privada investem seu dinheiro e, evidentemente, cobram uma taxa por isso.

Pense: se a previdência privada vai pegar meu dinheiro e investir, cobrando taxas, por que eu mesmo não invisto então?

Pois é meus amigos, seja você sua própria previdência.

Previdência Pessoal

Ser nossa própria previdência tem a vantagem de que somos nós que definimos o investimento mensal, o prazo e o capital que pretendemos. Além disso, em termos de mentalidade, ganhamos uma sensação de poder bastante positiva, pois nós estamos dirigindo nosso futuro com as próprias mãos.

Muita gente, por exemplo, tem o “sonho” de acumular 1 milhão de reais.

Isso é possível para qualquer um, o que vai mudar é o prazo. Na verdade, são três variáveis: prazo, dinheiro investido e rentabilidade.

  • Se quero 1 milhão, em 20 anos, investindo 1000 reais por mês, terei que obter uma rentabilidade X;
  • Se quero 1 milhão, em 20 anos, investindo 2000 reais por mês, a rentabilidade poderá ser menor que X;
  • Se quero 1 milhão, em 10 anos, ou terei que investir mais que 2000 mil, ou ter uma rentabilidade maior, ou ambos;

São sempre essas variáveis. Se quero um determinado patrimônio, quanto menor o prazo, maior o dinheiro investido e a rentabilidade necessários. Se quero o mesmo patrimônio, em um prazo maior, menor pode ser o dinheiro investido e/ou rentabilidade.

3º Passo – como investir corretamente

Pois bem, quem acompanha o blog deve ter percebido a quantidade de investimentos existentes.

São vários de renda fixa como LCI, LCA, CDB e Tesouro Direto; e vários outros de renda variável como ações, fundos multimercados, dólar etc.

Eu admito que para o investidor “não profissional” é um tanto complexo realizar boas escolhas e, principalmente, controlar seus investimentos em meio à quantidade de opções.

Além disso, o ideal não é investir em um só investimento, mas sim formar uma carteira de investimentos.

Uma carteira de investimentos é, de maneira resumida, dividir seu patrimônio em investimentos diferentes, com características diferentes, visando ter uma rentabilidade e/ou segurança acima de investimentos individualizados.

A carteira de investimentos, evidentemente, varia de acordo com o perfil de cada um. Uns tem mais tolerância ao risco, outros menos. Uns podem investir 1000 reais, uns 10 mil, ou outros 100 mil; uns querem patrimônio no longo prazo, ou outros no médio. Enfim, varia muito de pessoa para pessoa, não existe um modelo.

No meu livro Domine os Investimentos Seguros eu ensino como fazer.

O importante é seguir o guia:

  1. Organize seu orçamento;
  2. Determine, pelo menos, 10% da renda para investimentos;
  3. Coloque seu cérebro na mentalidade investidora;
  4. Forme uma carteira de investimentos adequada;
  5. Colha os frutos do seu trabalho.

Agindo conforme esse guia, você não precisará esperar até 60, 65, 70, 80 ou 90 anos para “se aposentar”. O prazo vai depender do quanto você conseguir investir mensalmente e da qualidade da sua carteira de investimentos. O importante é que sempre dá certo, a única coisa que muda é o prazo.

Pense: agindo assim você garantirá um futuro  superior à sua situação atual, isso falando sob o ponto de vista exclusivamente financeiro.

Além disso, como falei, quando adquirimos a mentalidade financeira adequada, nosso cérebro passa a agir de maneira diferente em relação ao dinheiro. Quem realmente desenvolve essa mentalidade, normalmente, desenvolve formas de ganhar mais dinheiro. Investe mais, ganha mais dinheiro e entra em um ciclo virtuoso de enriquecimento.

Qual tal testar? Você só tem a ganhar.

Abraços e até a próxima.

 

8 comentários em “Como investir dinheiro? Guia – 2ª Parte”

  1. Realmente é um prazer ler seus artigos, acompanho desde 2015 quando buscava informações relevantes e confiáveis no mundo financeiro e este artigo vem ao encontro de nossos anseios, parabéns. Agora, que tal fazer uns vídeos/artigos ensinando a declarar day trade de dolar no imposto de renda, fica a dica.

    • Olá Vagner, tem como ver no app do Banco do Brasil, aba de investimentos, preencha como se você fazer uma aplicação, ele exibe o CDI. Lembre-se de não concluir, caso não queira investir no momento.

      • Obrigado!! Eu já invisto em fundos de investimentos, se você puder me ajudar respondendo mais uma pergunta,fico muito grato.
        Estou querendo entrar nos investimentos em renda Fixa.
        Com o atual cenário – CDI 6,39% – SELIC 6,5%, ainda é bom negócio investir em CDB,LC,LCI,LCA?

        • Olá Vagner. CDBs, LCIs, LCAs etc, são investimentos específicos, ou seja, a LCI do Banco X terá certa rentabilidade, a LCI do Banco Y poderá ter outra. Dentro do mesmo banco, inclusive, às vezes existem LCIs (CDBs, LCAs …) com rentabilidades diferentes, portanto, não existe resposta pronta para isso. Eu não faço assessoramento par investimentos, assim não indico investimentos específicos. O ideal é montar uma carteira de investimentos: https://daxinvestimentos.com/como-montar-uma-carteira-de-investimentos/ . Abraço.

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