Como investir dinheiro? Guia – 2ª Parte

Como investir dinheiro


Começamos aqui a 2ª parte do Guia de Como investir dinheiro. Para quem não leu aqui está o link para o Como Investir Dinheiro – 1ª Parte.

No primeiro post falei sobre a organização financeira, que é etapa essencial para quem pretender se tornar um bom investidor.

Investir sem uma boa organização financeira dificilmente lhe levará a ter um crescimento financeiro sólido.

Organização financeira – parte 2

Falei de maneira resumida no post anterior. Prosseguindo com os conceitos, além da definição do quanto você ganha e do quanto você gasta, deve haver a separação do dinheiro especificamente para investimento. Isso deve fazer parte do orçamento mensal.

Quanto investir?

Aí vai da capacidade e necessidade de cada um. Perfis diferentes com objetivos diferentes necessitam de diferentes “quantidades” de dinheiro.

Como número quase “cabalístico”, diz-se que devemos investir, pelo menos, 10% do que ganhamos. Logicamente você pode investir 20, 30 ou 50%, enfim, vai do orçamento e objetivo de cada um.

Acho importante, contudo, respeitar o mínimo de 10%.

Mas Valter, e se eu ainda não consigo separar 10% para investir sem afetar meu orçamento?

Pois é, nesse caso específico você deve começar com o que é possível. Contudo, essa situação não deve perdurar. Com o tempo, o ideal é que você consiga investir mensalmente pelo menos 10% do que ganha. Vale o mesmo conceito de aumentar o resto mínimo que falei no post anterior: ou você aumenta o que ganha, ou diminui o que gasta, ou ambos.

Mais adiante no post falo como você conseguirá aumentar o que ganha.

Com essa parte superada, seu orçamento ficaria assim:

Mês  Fevereiro
Remuneração  R$      5.000,00
Gastos
Energia  R$          300,00
Água  R$          150,00
Telefone  R$          150,00
Estudos  R$          600,00
Financiamento  R$          600,00
Cartão de Crédito*  R$          500,00
Investimentos ( 10%)  R$          500,00
Resto livre  R$      2.200,00

Como você pode ver. Apenas peguei o orçamento utilizado no post anterior e adicionei a linha de investimentos. Estou colocando aqui de maneira bem simples, só para explicar o conceito mesmo.

O que quero deixar claro é que investir não pode ser algo que acontece quando você recebe um dinheiro extra, ou quando sobra alguma coisa. O investimento deve fazer parte do seu orçamento mensal, você deve ter esse compromisso.

Gosto de falar que quem tem um orçamento organizado que, após receber seus ganhos, paga todas as contas e investe o planejado, não fica com a “consciência pesada” por gastar o que sobra, pois já terá cumprido suas obrigações presentes e estará formando um patrimônio futuro.

2º Passo – a mentalidade investidora

Pois bem, organizar o orçamento e inserir investimentos em seu orçamento mensal é a primeira parte.

Agora, precisamos adquirir a mentalidade investidora.

Lembro que, no início, eu não entendia muito bem a razão para investir. Dessa forma, eu “guardava” um pouco de dinheiro e, depois de um tempo, gastava com alguma coisa. “Guardava” mais um tanto e, posteriormente, gastava.

Não importava o quanto eu investia por mês nem que rentabilidade eu obtinha, pois, após algum tempo, meu patrimônio investido era zerado.

Isso mudou depois que eu li o livro: O Homem mais Rico da Babilônia. A partir da leitura, percebi que o enriquecimento financeiro é um processo. Formação de patrimônio é um passo a passo constante, não é algo que acontece de maneira mágica, exceto casos esporádicos como ganhar na loteria, por exemplo.

Percebi que enquanto eu continuasse, de tempos em tempos, zerando meu patrimônio investido, jamais alcançaria um situação financeira confortável.

Por mais que eu tivesse um salário que mantinha um bom padrão de vida, em termos de aumento patrimonial eu não tinha nada.

Caiu a fixa. Criei meu plano de desenvolvimento financeiro e o sigo desde então.

Você está no caminho certo quando, mês a mês, vê seu patrimônio financeiro aumentando. Você tem que colocar seu patrimônio para funcionar no efeito bola de neve, sempre crescendo um pouco a cada volta. Tem que seguir assim, mês a mês, ano a ano …

Esse mês você investe X e vai obter uma determinada rentabilidade.

Mês que vem você investe X novamente, e esse será somado com a rentabilidade e o investimento do mês anterior.

No mês seguinte você faz a mesma coisa. Quanto mais o tempo passa, mais seu capital aumenta, juntamente com a rentabilidade que você obtêm.

É tudo questão de hábito. Crie o compromisso de agir assim por pelo menos um ano. Defina o quanto vai investir mensalmente e persista, pelo menos por um ano. Você verá como, quando chegar lá, sua cabeça já estará diferente em relação a investimentos. Comece com o que for possível. Quando falamos desse método não é só uma questão financeira, tem uma abordagem mental envolvida.

Muitas pessoas, exemplo no qual eu me incluo, após começarem a investir da maneira acima descrita, desenvolvem formas de ganhar mais dinheiro, passando a investir mais ainda. Leia o parágrafo a seguir com atenção, mais de uma vez se possível.

Parece que nosso cérebro, após pegar o hábito do investimento, passa a enxergar oportunidades que antes não víamos sobre como ganhar mais dinheiro. Coloque seu cérebro para trabalhar na mentalidade investidora por meio do hábito de investir mensalmente. No futuro você verá que os resultados vão muito além dos investimentos em si, sua forma de gerir e ganhar dinheiro muda completamente.

Mas para que mudar? Como funcionário teria uma aposentadoria mesmo!

Pensei isso no inicio, mas aqui são suas situações.

Previdência Pública

Sempre digo que confiar seu futuro financeiro à previdência pública é, no mínimo, arriscado.

Muita gente não percebe que está deixando seu vida futura à mercê de um só “tiro”, e o pior, que esse “tiro” não está nas suas mãos.

Com um rápido estudo da história da Previdência Pública você pode verificar como, reforma após reforma, os benefícios só diminuem. Isso claramente é uma tendência.

Eu no momento tenho 34 anos e tenho dúvidas se a previdência como a conhecermos vai, sequer, existir no futuro. (só achismo !).

Como eu disse, é no mínimo arriscado confiar na Previdência Pública. O pior é que, quando formos nos aposentar, será pelo fato de já estarmos com a idade avançada. Se algo mudar, teremos ainda “pique” para trabalhar mais?

Contudo, mesmo que exista a previdência como a conhecemos, não são poucos os casos de pessoas que tiveram seu padrão de vida drasticamente reduzido quando se aposentaram. Trabalhando essas pessoas recebiam “extras” que, quando aposentadas, não mais recebem. Conheço pessoas que se aposentaram e, após alguns meses, se “desaposentaram” para voltar a trabalhar, a realidade financeira muda.

Por fim, mesmo que exista a previdência como a conhecemos e mesmo que você receba de aposentadoria exatamente o que recebe de salário, não seria interessante melhorar seu padrão de vida no futuro?

Muitos devem ter pensado agora, posso fazer uma previdência privada.

Previdência Privada

Sim você pode ter uma previdência pública e uma privada.

Você sabe o que a previdência privada faz com seu dinheiro?

Advinha?

Investe.

As instituições que mantem previdência privada investem seu dinheiro e, evidentemente, cobram uma taxa por isso.

Pense: se a previdência privada vai pegar meu dinheiro e investir, cobrando taxas, por que eu mesmo não invisto então?

Pois é meus amigos, seja você sua própria previdência.

Previdência Pessoal

Ser nossa própria previdência tem a vantagem de que somos nós que definimos o investimento mensal, o prazo e o capital que pretendemos. Além disso, em termos de mentalidade, ganhamos uma sensação de poder bastante positiva, pois nós estamos dirigindo nosso futuro com as próprias mãos.

Muita gente, por exemplo, tem o “sonho” de acumular 1 milhão de reais.

Isso é possível para qualquer um, o que vai mudar é o prazo. Na verdade, são três variáveis: prazo, dinheiro investido e rentabilidade.

  • Se quero 1 milhão, em 20 anos, investindo 1000 reais por mês, terei que obter uma rentabilidade X;
  • Se quero 1 milhão, em 20 anos, investindo 2000 reais por mês, a rentabilidade poderá ser menor que X;
  • Se quero 1 milhão, em 10 anos, ou terei que investir mais que 2000 mil, ou ter uma rentabilidade maior, ou ambos;

São sempre essas variáveis. Se quero um determinado patrimônio, quanto menor o prazo, maior o dinheiro investido e a rentabilidade necessários. Se quero o mesmo patrimônio, em um prazo maior, menor pode ser o dinheiro investido e/ou rentabilidade.

3º Passo – como investir corretamente

Pois bem, quem acompanha o blog deve ter percebido a quantidade de investimentos existentes.

São vários de renda fixa como LCI, LCA, CDB e Tesouro Direto; e vários outros de renda variável como ações, fundos multimercados, dólar etc.

Eu admito que para o investidor “não profissional” é um tanto complexo realizar boas escolhas e, principalmente, controlar seus investimentos em meio à quantidade de opções.

Além disso, o ideal não é investir em um só investimento, mas sim formar uma carteira de investimentos.

Uma carteira de investimentos é, de maneira resumida, dividir seu patrimônio em investimentos diferentes, com características diferentes, visando ter uma rentabilidade e/ou segurança acima de investimentos individualizados.

A carteira de investimentos, evidentemente, varia de acordo com o perfil de cada um. Uns tem mais tolerância ao risco, outros menos. Uns podem investir 1000 reais, uns 10 mil, ou outros 100 mil; uns querem patrimônio no longo prazo, ou outros no médio. Enfim, varia muito de pessoa para pessoa, não existe um modelo.

No meu livro Domine os Investimentos Seguros eu ensino como fazer.

O importante é seguir o guia:

  1. Organize seu orçamento;
  2. Determine, pelo menos, 10% da renda para investimentos;
  3. Coloque seu cérebro na mentalidade investidora;
  4. Forme uma carteira de investimentos adequada;
  5. Colha os frutos do seu trabalho.

Agindo conforme esse guia, você não precisará esperar até 60, 65, 70, 80 ou 90 anos para “se aposentar”. O prazo vai depender do quanto você conseguir investir mensalmente e da qualidade da sua carteira de investimentos. O importante é que sempre dá certo, a única coisa que muda é o prazo.

Pense: agindo assim você garantirá um futuro  superior à sua situação atual, isso falando sob o ponto de vista exclusivamente financeiro.

Além disso, como falei, quando adquirimos a mentalidade financeira adequada, nosso cérebro passa a agir de maneira diferente em relação ao dinheiro. Quem realmente desenvolve essa mentalidade, normalmente, desenvolve formas de ganhar mais dinheiro. Investe mais, ganha mais dinheiro e entra em um ciclo virtuoso de enriquecimento.

Qual tal testar? Você só tem a ganhar.

Abraços e até a próxima.

 

Como investir dinheiro? Guia – 1ª Parte – Organização

Como investir dinheiro


Com o conhecimento correto, organizar a vida financeira, livrar-se das dívidas e passar a ser um investir é bem mais simples do que parece.

O problema começa pelo fato de que no Brasil a maior parte de nós não recebeu a educação financeira adequada na escola. Eu não recebi, e você?

Enquanto somos crianças e adolescentes isso não chega a ser um problema. Nessa fase, geralmente nós não temos dinheiro mesmo e reclamamos desse fato.

Não sei você, mas quando eu era adolescente não via a hora de começar a trabalhar, ganhar meu dinheiro e poder comprar tudo o que eu tinha vontade.

Vã ilusão, não é mesmo?

O caos começa quando iniciamos a vida adulta, começamos a trabalhar e passamos a ter contas para pagar. É sempre mais contas que salário e muito mês para pouco dinheiro.

A questão é: isso não deveria ser assim.

Grandes investidores possuem profissionais para gerirem seu patrimônios. Nós, “pessoas normais”, temos a tarefa de conciliar nossa administração financeira com as outras tarefas do cotidiano.

Eu sei que isso nem sempre é fácil, por essa razão vou criar uma sequencia de dois posts:

  1. De início você aprenderá a organizar sua vida financeira e, consequentemente, se livrar das dívidas; e
  2. Com as finanças organizadas, você aprenderá como investir seu dinheiro de maneira segura, usando o poder dos juros compostos para formar um grande patrimônio.

Gosto de falar que tornar-se um investidor é uma etapa posterior à organização financeira. Sem uma organização financeira e um plano financeiro definido, sua vida poderá ser formada por bons e maus investimentos e vários ganhos e perdas de dinheiro. Isso não é o ideal. A meta deve ser um crescimento financeiro constante.

Muitos dos meus leitores aqui do blog já compartilharam suas experiências com vários investimentos. Por vezes eles obtêm ótimos ganhos e em outras oportunidades algumas perdas. Será que isso é por conta dos investimentos em si ou pelo fato desses investimentos não estarem inseridos em um plano maior?

Como investir dinheiro
Como investir dinheiro

Investimentos devem ser utilizados visando um crescimento financeiro, ou seja, ano que vem você tem que analisar seu patrimônio e ver que ele está maior. Daqui a dois anos, ele deve estar ainda maior do que ano que vem. Daqui a cinco anos maior ainda e assim por diante. Esse deve ser o plano.

Em razão disso, mesmo o blog já estando no ar há anos e eu já tendo tratado de diversos tipos de investimentos isolados, achei que seria importante criar um conteúdo mais completo, um guia que pudesse servir tanto para os investidores iniciantes como para os que já tem alguma experiência.

A intenção dessa sequência de dois posts é  servir como um “passo-a-passo” de organizar a vida financeira e passar a ser um investidor, para você , por fim, alcançar a liberdade financeira, passando a ser independente de um trabalho, caso queira.

Neste primeiro post, falarei sobre organização financeira.

Como investir dinheiro

1º Passo – Organização Financeira

Pois bem, ser um investidor é uma condição posterior à organização financeira. Como disse antes, sair investindo de maneira isolada e alheia a um plano financeiro definido, quase que invariavelmente leva ao insucesso.

Por essa razão conscientize-se: você precisa de um projeto financeiro para sua vida. A organização e os investimentos farão parte desse projeto, não podem ser coisas isoladas.

Sobre a organização financeira tentarei ser o mais conciso possível, contudo, abordando os pontos importantes.

O primeiro ponto é: você sabe exatamente o quanto ganha? Você sabe exatamente o quanto gasta?

Pense na sua vida financeira como a de uma empresa. Você tem que dar lucro!

Para fazermos nossa empresa pessoal dar lucro, é de extrema importância termos controle sobre nossa finanças.

Como organizar o orçamento pessoal?

Pois bem, tentarei ser o mais direto e didático possível. Planejamento é algo que se faz antes do evento acontecer. Em se tratando de orçamento isso também vale, se estamos no mês de janeiro devemos ter, pelo menos, o orçamento do mês de fevereiro já pronto.

Quanto ao orçamento mensal, eu gosto de trabalhar com uma antecedência de dois meses. Ou seja, se estou em janeiro, em minha planilha já possuo o orçamento dos meses de fevereiro e março planejados. Logicamente alguns eventos podem alterar o orçamento, contudo, é importante já ter o básico.

Estou falando aqui de orçamento pessoal mensal, ou seja, o que você ganha e gasta todo mês. O seu dia a dia. A seguir mostro como fazer.

Não há o que se falar de investimentos se você não tem o controle do seu orçamento, isso é o básico. Para quem ainda não tem, é uma boa hora para começar não é mesmo? Vamos lá então!

Primeiro, defina exatamente qual é a sua renda efetiva, ou seja, quanto de dinheiro você tem disponível para gastar todo mês.

Para assalariados

Quem é assalariado sabe que você tem o salário bruto e alguns descontos. Seu salário bruto menos os descontos é o seu salário líquido, ou seja, o que você efetivamente recebe na sua conta.

Para fins de controle orçamentário, o que importa é seu salário líquido, afinal esse é o dinheiro que você tem para gastar.

O planejamento financeiro do assalariado, quantos aos ganhos, é bastante simples, pois, em condições normais, você sabe exatamente quanto receberá de salário. Alguns meses específicos você terá rendas extras como férias e 13º. Isso também deve estar no planejamento.

Para não assalariados

Para quem é empresário ou exerce qualquer atividade que não tenha salário fixo, o ideal é adotar o conceito de “viver com o dinheiro do mês passado”.

Tem gente que, erroneamente, vai passando o mês com o dinheiro que está recebendo durante o próprio mês. Isso é um erro, pois compromete qualquer planejamento sério.

O conceito de viver com o dinheiro do mês passado é simples. O dinheiro que eu ganhar em janeiro deve ser utilizado para os gastos de fevereiro. O dinheiro que eu ganhar em fevereiro deve ser guardado e utilizado em março e assim por diante.

Na verdade você pode empregar essa técnica utilizando o dinheiro ganho há dois, três  ou mais meses, aí vai de cada um. Quanto maior o prazo entre o recebimento e o uso do dinheiro, melhor o planejamento. O importante é não usar no mês o que você recebe no próprio mês.

Utilizando essa técnica fica bem mais fácil programar o orçamento. Por exemplo: se no mês de janeiro você retirou de lucros, pró-labore ou qualquer outro tipo de renda do seu negócio  o valor de R$ 5000,00 líquidos, você deve programar o mês de fevereiro com essa renda. Se no mês de fevereiro você recebeu R$ 4000,00, você deve programar o mês de março com essa renda e assim por diante.

Para quem recebe rendas esporádicas (não mensais) o conceito é o mesmo. Após receber uma quantia, programe os próximos meses baseado no que recebeu.

É importante iniciar o mês sabendo-se exatamente o quanto se pode gastar e não ficar na dependências dos ganhos do próprio mês.

Essa divisão do orçamento “mês a mês” facilita a organização financeira devido a várias obrigações, como contas, por exemplo, normalmente serem mensais.

Defina seus gastos pessoais fixos

Saber quanto se gasta “obrigatoriamente” todo mês é o segundo passo e um dos mais importantes.

Com essa valor calculado, você vai saber o quanto tem “livre” no mês.

Chamo de gastos fixos os que você sabe que terá todo mês como conta de água, luz, telefone, aluguel, financiamentos, estudos etc. Isso varia de pessoa para pessoa, aluguel e financiamento, por exemplo, várias pessoas não têm. Veja na sua realidade qual contas você tem que pagar todo mês.

E quanto aos valores?

Pois é. Se estamos em janeiro, não sabemos exatamente o valor de algumas contas (água por exemplo) que teremos que pagar em fevereiro. Algumas outras, como parcelas de financiamentos, podem ser fixas.

Quanto às que são variáveis, eu recomento, no planejamento, utilizar a mais alta dos últimos três meses. Por exemplo, se estamos em janeiro e nos últimos três meses pagamos de energia R$ 300, R$ 250 e R$ 280, na minha programação do orçamento de fevereiro, eu coloco a energia com o valor de R$ 300, que foi o mais alto dos últimos três meses. Quando eu efetivamente receber a conta em casa, esse valor deve ser atualizado.

Lembrando, planejamento é feito antes das coisas acontecerem, desse forma, eu planejo o orçamento de fevereiro antes de entrar no mês de fevereiro.

Quanto se chega ao mês eu devo saber, exatamente, o quanto tenho para gastar e quanto tenho de contas para pagar.

Montando um orçamento simples

Então, se estamos em janeiro, já devemos ter, no mínimo, o mês de fevereiro planejado. Vou usar aqui um exemplo de orçamento bem simples apenas para explicar conceitos:

Mês  Fevereiro
Remuneração  R$      5.000,00
Gastos
Energia  R$          300,00
Água  R$          150,00
Telefone  R$          150,00
Estudos  R$          600,00
Financiamento  R$          600,00
Cartão de Crédito*  R$          500,00
Resto livre  R$      2.700,00

Trata-se de um orçamento bastante simples para servir somente de parâmetro. Existem diversas planilhas de Excel, programas de computador e apps de celular para montagem de orçamento. Um caderninho com os ganhos e gastos anotados serve igualmente. A ferramenta é o que menos importa, o importante é ter o controle.

Coloquei o asterisco(*) no cartão de crédito em razão de, muito embora esse não seja um gasto fixo, pois você pode usá-lo ou não, quando você vai comprando no cartão em um mês, sabe (ou deveria saber), que esses valores virão na fatura do cartão do mês seguinte. Dessa forma, o que você comprar no crédito em janeiro, deve ser inserido como gastos no orçamento de fevereiro. Embora não seja um gasto obrigatoriamente mensal, a partir do momento que você fez a compra, ele se torna obrigatório.

Esse tipo de planejamento faz você iniciar o mês já sabendo quanto terá disponível para gastar. Não importa se você já pagou as contas ou não.

Se você tem a renda de R$ 5000,00 e os gastos acima descritos, mesmo antes de iniciar o mês e de efetivamente pagar as contas, você já sabe que terá livre para gastar o valor de R$ 2.700,00. Ou seja, iniciando-se o mês você tem a renda de R$ 5000,00, mas sabe que não poderá gastar livremente esse valor, pois, quando terminar de pagar as contas, o que lhe resta são R$ 2.700,00. É com esse valor que você deve “trabalhar” o mês.

*Aqui ainda não falo sobre o valor separado para investimentos, falarei no próximo post.

A importância do resto livre

Como Investir Dinheiro

Como você viu na orçamento acima, o resto livre é o que sobra depois que você paga suas contas obrigatórias.

Antes de se tornar um investidor, você deve ter um resto livre consistente.

Dessa forma, se você está montando seu orçamento e, no final, está ficando no vermelho (gastando mais do que ganha) ou sobrando quase nada de resto livre, você deve resolver esse problema primeiro antes de começar a investir.

Identifique onde está o problema. A melhor forma de fazer isso é passar a anotar os gastos. No final do mês, analise onde gastou seu dinheiro. Certamente perceberá gastos desnecessários.

Quanto ao aumento do resto livre não há mágica: ou você aumenta o que ganha, ou diminui o que gasta (ou ambos).

Cortar gastos é o mais fácil a fazer  e pode ser realizado imediatamente. Contudo, procurar formas de aumentar seus ganhos também deve fazer parte dos seus objetivos.

O que você tem que colocar em mente é que precisa deixar seu orçamento de forma que seu gasto livre seja satisfatório.

 

Como acabar com as dívidas?

O primeiro passo para acabar com as dívidas é parar de fazer novas.

Entendido?

Pronto, agora vamos ver o que fazer com as antigas.

Boa parte das pessoas tem várias “parcelinhas” que vão sendo feitas aos poucos e, quando a pessoa se dá conta, a soma delas consome quase todo o salário.

Tenha em mente o conceito de resto livre que falei antes. Você deve ter um orçamento de forma que seu salário pague todas as suas obrigações e ainda sobre alguma coisa.

O primeiro ponto é detalhar todas as dívidas que você possui. Aqui não estou falando das contas do mês, estou falando de dívidas mesmo, algo que você comprou e está pagando parcelas, atrasadas ou não.

Se você possui um orçamento apertado ou que fecha no vermelho, você terá que diminuir as parcelas que tem para pagar.

Pegue todas as parcelas que você tem que pagar por mês, por exemplo:

  • Televisão: 8 parcelas de R$ R$ 400,00;
  • Roupas: 4 parcelas de R$ 70,00

Anote todas, das menores até as maiores.

Feito isso faça a reflexão: deixando de gastar em outra coisa e/ou ganhando um dinheiro extra eu consigo quitar alguma dessas dívidas?

Se você possui um orçamento muito apertado ou no vermelho deve fazer um esforço real para quitar as dívidas que puder. À medida que você vai quitando as dívidas, as parcelas vão diminuindo e seu orçamento vai ficando mais folgado.

Dívidas em atraso podem, e devem, ser renegociadas. Procure o credor, demostre que você está organizando-se e que quer pagar o que deve. Na maior parte das vezes os credores concedem descontos.

Muita gente orienta a pagar as de maiores juros primeiro. Eu penso diferente: você deve quitar as que possuem a maior parcela e que a quitação esteja ao seu alcance, mesmo que com algum esforço.

Se você quita a de maior parcela passa a sobrar mais dinheiro todo mês, dessa forma você organiza melhor o orçamento para pagar as outras.

Como eu disse, foque na quitação a seu alcance. Por exemplo: se você possui um financiamento de uma casa ou carro que o saldo devedor atual é muito alto para o seu orçamento, ele não deve ser seu primeiro foco, mesmo que a parcela seja a mais alta.

Repito: você deve quitar as que possuem a maior parcela e que a quitação esteja ao seu alcance.

Não há mágica para quitação de dívidas, o mapa é:

  1. Comprometa-se com sua consciência a sair dessa situação e não faça novas dívidas;
  2. De maneira honesta, veja os gastos do seu orçamento que podem ser cortados ou, pelo menos, diminuídos;
  3. Caso tenha alguma forma de renda extra, use;
  4. Quite as dívidas a seu alcance, com o dinheiro que vai sobrando a mais, quite as restantes;

Certo, até aqui falei mais sobre organização financeira do que sobre como investir dinheiro não é mesmo? Como o post já está relativamente longo, o conteúdo sobre mentalidade e investimentos ficará para a segunda parte: https://daxinvestimentos.com/como-investir-dinheiro-guia-2a-parte/

Abraços e até breve!